O que será do mercado imobiliário em 2022
A análise de Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, e
Edson Kitamura, gerente do Departamento de Economia
O que esperar do mercado imobiliário em 2022
O que esperar para o setor imobiliário da cidade de São Paulo
após quase dois anos de pandemia? Antes de responder, é preciso voltar um pouco
no tempo e rever o comportamento do mercado nos últimos anos.
Em 2016, tivemos o pior ano da série histórica da Pesquisa
Secovi-SP, refletindo o recuo do PIB nos anos de 2015 e 2016, além dos
distratos e do processo de impeachment. Foram 19.359 unidades lançadas e 16.170
unidades vendidas. Também naquele ano foi sancionada a Lei de Zoneamento de São
Paulo, com inúmeras restrições urbanísticas, amenizadas por um Decreto
municipal que beneficiou o desenvolvimento de empreendimentos de HIS (Habitação
de Interesse Social).
A partir de 2017, o mercado imobiliário voltou a crescer e,
em 2019, com números que superaram os recordes históricos da pesquisa:
lançamentos de 65.312 unidades e vendas de 49.224 unidades. Apesar da pandemia
e da quarentena decretada a partir de março, o ano de 2020 surpreendeu, com
59.978 unidades lançadas e 51.417 unidades vendidas, em virtude,
principalmente, da queda da Selic e da mudança de hábitos das famílias, que
passaram grande parte do ano em home office.
Os números de 2021, até outubro, apontavam para outro recorde anual, mesmo com as incertezas provocadas pela alta significativa da taxa básica de juros e da inflação. Foram 56.439 unidades lançadas e 52.563 vendidas
O que esperar de 2022, visto que o ano será, do ponto de
vista econômico, diferente de 2021? É preciso considerar alguns fatores
negativos em um ano de eleições gerais no País. A taxa Selic deve ficar entre
11% e 12% ao ano, pressionando os juros dos financiamentos imobiliários; e a
inflação acima de 10%, pelo menos no primeiro semestre, vai diminuir a renda
das famílias e impor aumento dos preços dos imóveis, a fim de preservar sua
viabilidade econômica.
O mercado de HIS, de unidades enquadradas no programa Casa
Verde e Amarela, tem mostrado resiliência, com oferta e venda de
aproximadamente 30 mil unidades na cidade de São Paulo desde 2019. Em outubro,
o programa passou por alguns ajustes nos valores do teto, na redução de taxa de
juros e na curva de subsídios, o que deverá viabilizar, em 2022, o mesmo volume
de unidades dos últimos anos. A faixa de renda que pode acessar o programa vem
sendo beneficiada, também, com reajustes de salários em dois dígitos,
recompondo, em parte, seu poder de compra.
Quanto aos outros mercados, acreditamos que continuarão a ser
influenciados não só por restrições urbanísticas, mas também pela demanda
reprimida de muitos anos nas classes média alta e alta. Basta citar que, até
outubro de 2020, vendemos 2.121 imóveis com tíquete médio de R$ 2,9 milhões.
Além disso, apesar de existirem outras opções de ativos que podem atrair
potenciais compradores, o imóvel sempre será a escolha daqueles que preferem a
“reserva de valor” em um mercado financeiro volátil.
A previsão para 2022 é que o mercado imobiliário repita os
bons desempenhos registrados nos últimos três anos.
A alta da inflação poderá ser amenizada com a política
monetária proposta pelo Banco Central. De suma importância são as diretrizes
orçamentárias comprometidas com o equilíbrio das contas públicas.
Em termos de recursos para financiamento, o Conselho Curador
do FGTS anunciou a destinação de R$ 64,4 bilhões para o ano que vem, sendo R$
62,9 bilhões para habitação popular (CVA) e R$ 8,5 bilhões para descontos
(subsídios).
Mas, para que o setor mantenha bons resultados e continue
atendendo a demanda por habitação, seja qual for o padrão, é essencial ampliar
as oportunidades de empreender, com menos restrições urbanísticas e em um
ambiente de negócios que ofereça segurança jurídica. Finalizando, nunca é
demais destacar a força da indústria da construção civil e imobiliária, que vem
contribuindo positivamente com o PIB e com a criação, em 2021 (até outubro), de
2,6 milhões de empregos com carteira assinada. A economia agradece.
Autor: Assessoria de Comunicação - Secovi-SP
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